Em três meses este blog supera 10 mil visualizações

Por Fernando Abelha

Este blog – ferroviavezevoz.com –construído para informar assuntos do interesse profissional aos ferroviários e metroviários de todo o país, através de notícias, comentários e crônicas, ultrapassou, em 24 de maio último, as 10 mil visualizações desde que foi disponibilizado na internet, há cerca de três meses. Tal índice de procura demonstra, claramente, a carência de subsídios que a nossa classe precisa, mesmo existindo vários sites de Sindicatos e Associações de Classe, mas que se limitam ao seu público específico.

Erigido sem qualquer interesse político ou financeiro, se propõe a partir da defesa dos ferroviários e por consequência, das ferrovias, diga-se a liquidada RFFSA, a perseguir os desmandos sobre o seu patrimônio, físico e humano, relegados a um plano inferior sem que se mensurassem as consequências danosas que este desastroso procedimento vem causando após os processos das concessões à iniciativa privada, comprometidos, de alguma forma, pela precária inspeção que deveria ser exercida pela agência reguladora e fiscalizadora, diga-se ANTT.

Os processos de concessões das ferrovias, esquematizados no decorrer do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e materializados no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram mais um calamitoso desmando, entre tantos outros, que nosso País vem suportando nesta última década, fruto de planejamentos deficientes e inconsequentes. O patrimônio físico da estatal RFFSA, em 2003, quando do início das tratativas para concessões de suas malhas, era considerado o maior do Brasil entre as estatais, ao ultrapassar os R$50 bilhões. Senão vejamos: A RFFSA que unificou 17 ferrovias foi uma estatal que possuía cerca de 30 mil quilômetros de linhas férreas que atravessava o cerne das principais cidades do País e hoje não atinge os 14 mil quilômetros; milhares de locomotivas diesel-elétricas, preciosas oficinas superequipadas, imóveis, glebas de terras e muito mais, além de singulares, disciplinados e competentes valores humanos.

A então RFFSA, sob a administração do Estado, desenvolvia abrangentes desenvolturas na área dos transportes, tanto no campo econômico, como no social, além de atuar como reguladora dos fretes o que restringia a ganância do modal rodoviário, que hoje se sobrepõe aos interesses da sociedade, ao atuar livremente impondo crescentes e impulsivos preços para os fretes, cada vez mais avolumados, que atingem, gravosamente, os preços dos produtos de primeira necessidade e entre eles os agrícolas, incidindo, negativamente, na economia popular.

Por sua vez, as ferrovias concedidas, por ganância dos empresários, se limitaram a transporta somente as suas próprias cargas. Abandonaram a carga em geral e mais de 18 mil quilômetros de linhas. É de estarrecer que para este crime de lesa-pátria não se identifiquem os responsáveis, para que respondam perante a justiça. Tudo indica que falta uma operação Lava Jato nas ferrovias concedidas para apurar o que vem ocorrendo desde 2003, quando se efetivaram as danosas concessões.

Da mesma forma, o que se pratica contra os ferroviários, que vivem humilhados e perseguidos, é algo vergonhoso para Nação. Gestores perversos e desmemoriados esquecem, talvez propositalmente, que muitos trabalhadores ferroviários no passado, pagaram com a própria vida. Estes mesmos ferroviários, hoje, a quase totalidade aposentados e com idade avançada, atuaram, incansavelmente, por toda vida laborativa, sob o calor do sol e as intemperes das chuvas, trabalhando nas vias, oficinas, depósitos, escritórios, estações e outros, proporcionando as condições técnicas indispensáveis à condução do trem de ferro, do tempo das locomotivas vaporentas às modernas diesel-elétricas, atividade secular que proporcionou o desenvolvimento do Brasil ao transportar riquezas, do Norte ao Sul, vencer montanhas e planícies, abrir caminhos, para que cumprisse o seu papel, enquanto as rodovias, mais cobiçadas pela classe política, chegavam para tomar o lugar do transporte ferroviário, a cada dia mais desprezado.